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29 de dezembro de 2006

CARREIRA 9

Curvando das faixas centrais da avenida da Liberdade para a faixa interior lateral no cruzamento com a rua Barata Salgueiro no sentido Restauradores-Marquês de Pombal em direcção ao Rato, o autocarro articulado da carreira 9 vê-se impossibilitado de fazer a curva; há uma carrinha parada, os piscas acesos, um pouco à frente da esquina que bloqueia a continuação da manobra. O condutor buzina um par de vezes, os passageiros do autocarro mostram algum interesse; rapidamente se apercebem do que se está a passar e começam a ouvir-se suspiros, há quem "bufe", há quem olhe para o relógio, há quem tente meter conversa com o vizinho do lado, com os habituais resmungos nacionais que se queixam de que isto é uma pouca vergonha e a polícia só vai aparecer quando já não for precisa. O condutor contacta por rádio a central informando de que está retido por um carro mal estacionado, entretanto abre a porta da frente para quem não quiser ficar à espera; alguns passageiros aproveitam e saem. Os carros que querem seguir o mesmo caminho mas o têm bloqueado pelo autocarro buzinam mais um bocado. Passam mais alguns instantes, e chegam dois polícias de giro, que comunicam a matrícula do carro à central e começam a passar um auto quando o condutor da carrinha chega, com ar de quem está a ter um dia mau que está mesmo à beira de ficar pior; entra na carrinha e manobra-a para deixar passar o autocarro, que os polícias querem ter uma palavrinha com ele. Tudo não terá durado mais de cinco minutos e o autocarro articulado da carreira 9 retoma o seu percurso.

1 comentário:

Jose Couto disse...

Conheço bem a carreira 9 (e a 9-A), pois nasci em Campo de Ourique em 1951. Sou mesmo do tempo do autocarro n° 1 da Carris, o HB-11-11. Sempre foi uma carreira dificil, em especial dentro do bairro, com carros estacionados nas esquinas (que tormento virar da Almeida e Sousa para a Tomás da Anunciação) e não era preciso ser com autocarros articulados, bastavam ser os AEC de dois pisos, onde as direcções assistidas não tinham sido ainda inventadas e era ver os motoristas a transpirarem para moverem aquelas direcções com os veiculos parados. Claro que os passageiros tinham de "aguentar", a policia andava mais entretida a passar multas na "baixa" e muitas vezes eram os passageiros a se apearem e, à força de braços, removiam as viaturas indevidamente estacionadas. Enfim, um diário sacrificio...