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4 de novembro de 2006

CARIOCA

O que é assombroso ao ver Chico Buarque em palco é que ele é absolutamente o oposto do "animal de palco": não fala com o público, para lá do banal "obrigado" e da apresentação dos músicos; não se mexe em palco, mantém-se estático em frente ao microfone, com ou sem violão; sente-se, mesmo à distância de uma sala cheia, um desconforto evidente por estar fora do seu "habitat" natural.

E nada disso interessa quando Chico canta (mesmo que a voz já não seja exactamente a mesma), porque só ele sabe cantar estas canções desta maneira. E estas canções — todas as do magnífico "Carioca", mais uma série de escolhas oblíquas do seu passado onde quase não há espaço para os "greatest hits" que estão na boca de todos — cantadas desta maneira silenciam o Coliseu de Lisboa, preso às nuances da voz, da letra, da arte imensa de Chico Buarque. Se fosse com Caetano, quase aposto que o público começaria a resmungar. Com Chico, nem um alfinete se ouviu. O respeitinho é muito bonito.

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