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9 de julho de 2006

MUNDO DE AVENTURAS

Já não é a primeira vez que passo pela loja na rua da Misericórdia e fico a olhar para a montra e para o seu interior, mas foi a primeira vez que entrei na Loja das Colecções — no fundo, nada mais do que um alfarrabista mais organizado do que a média, onde em tempos existia um McDonald's — , onde coexistem alegremente, lado a lado, discos de António Mourão e Amália Rodrigues, literatura revolucionária do 25 de Abril e traduções do Portugal salazarista do "Mein Kampf".

Ao fundo, mesmo em frente à porta de entrada, estão as bandas-desenhadas. E aí, com grande surpresa, dei por uma série perfeitamente organizada de colecções do Falcão, Mundo de Aventuras e outros Selecções, entre os quais, numa breve passagem, reconheci as capas de inúmeros números de que me recordo em casa dos pais, passadas de mão em mão dos meus irmãos mais velhos (números posteriores, já dos anos 1970, eram comprados mais pelo meu pai e por mim próprio). Alguns deles ainda os tenho, guardados em minha casa num arquivo de cartão. Folheando as caixas, deliciei-me com as traduções "às três pancadas", letradas à máquina de escrever e que pareciam muitas vezes deturpar o sentido das histórias e ocupar mais espaço que os próprios desenhos. E regressei a uma época em que havia outra ingenuidade e outro maravilhamento no modo como criávamos e líamos a "pulp fiction" descartável.

2 comentários:

Anónimo disse...

caro jorge: não era nessa esquina que havia um macdonald's, mas sim a esquina acima, no quarteirão seguinte. esse prédio foi totalmente remodelado há uns anos e apenas teve a loja das colecções. que tem um problema grave: o senhor dono não precisa dos lucros da loja para viver, e por isso pode ter coisas sem muito valor à venda por preços simplesmente pornográficos. é pena.
pedro

manu disse...

sempre pensei ke esses alfarrabistas viviam para o prazer dos outros.
como é ke os outros alfarrabistas ganham a vida?