O que é que se faz quando se têm dez horas de vôo pela frente e um espaço útil de assento de coxia apertada que não foi feito para 1m90 de altura (porque todos os espaços feitos para 1m90 de altura estão já ocupados por pessoas que também têm 1m90 de altura), ainda por cima num vôo cheio de fim de semana que parece transportar uma espécie de "excursão rodarte" de holandeses a caminho de férias em Los Angeles, com dois bebés de colo na fila da frente e dois outros na fila de trás?
Às tantas, há miúdos a correr pelos corredores acanhados, não dá sequer para os mandar bugiar para outro lado. Este Boeing 747 é de modelo bem menos moderno que o meu vôo de Londres para São Francisco em Janeiro, e as hospedeiras de bordo têm qualquer coisa de educadoras de infância, a julgar pela paciência com que brincam com os miúdos.
Por mais que tente, não dá mesmo para dormir; nem sequer consigo ter espaço para descalçar as botas e passear pelos corredores. E estes vôos transcontinentais implicam sempre uma extensão do dia da pessoa, prolongando-o para uma espécie de directa, com as ligações a obrigarem-nos a levantar cedo e a deitar tarde (é impraticável que alguém durma realmente bem na véspera de um dia passado entre aviões que nos obriga a levantar às cinco da manhã e nos atira para a cama às sete da manhã do dia seguinte no sítio de onde partimos - embora sejam apenas onze da noite em Los Angeles).
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