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29 de maio de 2006

PÃO DE AÇÚCAR

Chego-me à entrada da padaria do supermercado — uma interrupção nas filas de tulhas de madeira onde o pão fresco é colocado a intervalos regulares, que abre para um ambiente industrial, asséptico, esbranquiçado onde vários empregados se afadigam a cortar, etiquetar, preparar pão — e sou visto pela jovem negra que está a fatiar pão caseiro na máquina. Faço-lhe sinal com o pão de forma que tenho na mão, "pode fatiar?". Ela faz que sim com a cabeça, "mas vou-lhe dar daqui de dentro porque tenho aqui formas prontas". Enquanto espero, olho para os rostos dos empregados, todos com aspecto de quem preferia estar na praia e de quem não tem o mínimo prazer em estar ali a fazer aquilo. Quando, pelo meio das solicitações e do trabalho, a jovem negra me passa para a mão o meu pão fatiado, fá-lo com um sorriso que é a melhor definição de "atenção ao cliente" que me lembro de ter visto. E é a única pessoa ali dentro a sorrir.

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