Pesquisa personalizada

5 de maio de 2006

FAMÍLIAS MODERNAS

São seis e meia da tarde de uma sexta-feira de Primavera, vento a moderar o calor que o Sol ainda dá, na esplanada do jardim da Estrela. Um casal no fim dos vintes, princípios dos trinta, com duas filhas, chega à esplanada. A mãe senta-se numa cadeira ao sol, pega num livro de capa colorida ("Ser Optimista") e lê, de vez em quando chamando a filha mais velha, "Mariana, os outros meninos estão ali". O pai, em mangas de camisa com um jornal debaixo do braço, não larga o telemóvel enquanto persegue a filha mais nova, que percorre a esplanada de chucha atrás dos patos que nadam pachorrentamente pela água suja do pequeno lago. Volto à minha revista. Alguns minutos mais tarde, ouço um choro de criança; é a menina mais nova do casal, que o pai pega ao colo e tenta acalmar sem largar o telemóvel do ouvido esquerdo, continuando a falar. A mãe, com o livro marcado na mão, põe-se de pé e olha em todas as direcções, com ar de quem se quer ir embora, enquanto a filha mais velha grita que quer água.

1 comentário:

ND disse...

Sabes? Parece-me bem que sejam imperceptíveis, silenciosos, os suspiros de alívio!Podia sempre acontecer que alguém não aguentasse ouvi-los. :)