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1 de fevereiro de 2006

STARBUCKS

É capaz de ser complicado explicar o conceito de um café "gourmet", mas digamos que o Starbucks é o que o Caffe di Roma gostava de ser, a um tempo café "continental" de luxo com ambição a tertúlia e café de esquina aberto a todos. Há, literalmente, um a cada esquina de São Francisco, sempre com um sem-número de mesinhas de madeira com cadeiras e um ambiente acolhedor e convivial com música suave a tocar. Os americanos tomam café às toneladas (às canecas e não às chávenas; para eles, a bica não existe, ou se existe chama-se "espresso" e é servido em copinhos de papel e custa o mesmo que um café normal, ou seja, é escandalosamente caro e geralmente não presta para nada) e portanto faz todo o sentido que haja uma casa de cafés como o Starbucks, que propõe cafés elaboradíssimos (eu também ainda não consegui perceber o que é um "cinnamon dolce latte", a não ser que é um café com leite que leva canela e sei lá mais o quê e não sabe nada mal) a preços que, para a bolsa deles, nem são especialmente caros (a média é $3, ou seja, €2.50 - em Londres o mesmo tamanho fica por £3, tirem as vossas conclusões).

(Claro que, depois, há os bolinhos para acompanhar. Isso complica um bocado as coisas.)

No entanto, é curioso como, das minhas visitas ao Starbucks do Castro (ao fundo da rua onde estou hospedado, igualmente conhecido por Bearbucks ou Starbears por razões plantígradas que não vêm aqui ao caso), ou mesmo a outros Starbucks pela cidade, se contam pelos dedos o número de pessoas que estão, efectivamente, ali com alguém. A maior parte traz o portátil, o jornal da manhã, um livro, e senta-se numa das mesinhas com o seu café (entregue num copo alto de cartão plastificado ou plástico cartonado, semelhante aos dos refrigerantes de "fast food", que permite beber por uma pequena abertura na tampa, impedindo que o café arrefeça ou se entorne) e o seu bolo (entregue num saquinho de papel pardo, tudo muito higiénico). Mas também há quem encontre ali amigos do bairro ou pessoal conhecido e fique na conversa à volta do cafézinho ou nas poucas e acanhadas mesinhas da esplanada. Esse espírito de bairro, contudo, existe mais no Starbucks do Castro no que noutros da cidade e tem tudo a ver com o sítio.

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