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25 de janeiro de 2006

CONTRADIÇÕES

Em São Francisco hã uma quantidade quase obscena de gente sem-abrigo nas ruas. A estação de correios da 18th Street, a dois passos da casa onde o David mora, é conhecida como o "Post Office Hilton" porque o vão triangular da entrada abre espaço para sem-abrigos dormirem ali (e as noites têm sido amenas). Há outras lojas, com outros vãos, onde vejo gente a dormir embrulhada em cobertores. Ontem, enquanto comia uma fatia de pizza, vi dois sem-abrigo, no intervalo de cinco minutos, fazerem-se ao mesmo caixote do lixo à procura de restos, e há sempre, em todas as ruas, um sem-abrigo andrajoso que empurra um carrinho de supermercado cheio de cobertores velhos, sacos de plástico a abarrotar e garrafas de plástico vazias. À sua volta, ninguém repara, ninguém se interessa, todos fingem ignorar. Um placard num autocarro, ensanduichado entre anúncios a filmes e um outro que anuncia que o hospital de St. Mary já atende urgências em 30 minutos, anuncia que 1 em 4 habitantes da zona metropolitana vivem abaixo do limiar de pobreza, e pergunta "se fosse você?".

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