Sempre que há uma campanha do Banco Alimentar Contra a Fome, o supermercado de bairro onde me costumo abastecer tem sempre representantes da campanha a entregar sacos à entrada. Hoje, com o supermercado bastante mais cheio do que é habitual aos domingos (mesmo contando que é fim do mês), quatro representantes da campanha, com as sweat-shirts brancas e sacos de plástico na mão, estão a afunilar a entrada da loja; um é um senhor dos seus 40 anos, os outros três adolescentes altos e magros que conversam uns com os outros e, pelo menos a mim, não me dão saco absolutamente nenhum. Nas minhas compras, coloco de qualquer maneira no carrinho alguns artigos para deixar à saída.
Quando estou a pagar as minhas compras, uma senhora dos seus 50 anos, com aquele aspecto inconfundível de beata lisboeta, mostra à carrancuda empregada da caixa o saco do Banco Alimentar e pergunta-lhe se pode ir entregar aos senhores, ao que a empregada responde, "tem de pagar primeiro". "Ah, tem razão, onde tinha eu a cabeça?", diz a senhora com um sorriso. "Se fosse assim não era preciso eles pedirem," responde a empregada, "bastava virem servir-se".
À saída, deixo o meu contributo no carrinho de supermercado da campanha, e enquanto levanto dinheiro no Multibanco ouço os três rapazes a conversar. "Onde é que vais almoçar?"
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