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7 de outubro de 2005

DEBATE

Depois do debate de ontem à noite, na RTP-1, fiquei esclarecido sobre quem tem realmente ideias, projectos e amor por Lisboa.

Fiquei escandalizado com a atitude diletante de Manuel Maria Carrilho, que fala muito de teorias mas não consegue esconder a falta de substância no seu discurso, que parece não estar minimamente preparado para ser presidente da câmara — a sua pose distante é a de quem gosta de teorizar para que os outros ponham em prática as suas visões iluminadas, é a de quem não tem programa e, à boa velha maneira de uma certa esquerda nacional, acha que o ser de esquerda é suficiente para garantir as credenciais.

Fiquei atónito com José Sá Fernandes, que parece não ter arcaboiço para estas cavalarias altas e se refugia em conversas de "medidas corajosas" quando o que os lisboetas querem não é medidas corajosas (aliás, não ouvi nenhumas), é problemas resolvidos (e como é que alguém que diz que Lisboa precisa de gente propõe uma taxa para quem quiser trazer o carro para o centro de Lisboa? como é que alguém que passa a vida a dizer que já há impostos a mais quer introduzir mais um?).

Fiquei desapontado com o nervosismo e insegurança de Carmona Rodrigues, que me parece uma figura simpática e com algum bom senso mas que me pareceu ali a fazer algum frete, que comeu muito por tabela da megalomania d'Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado, e que esteve bem (e com razão) quando diz que o túnel das Amoreiras/Marquês não vai trazer mais carros para dentro de Lisboa. Aliás, o túnel é um problema, é certo, mas ninguém parece recordar que os portugueses são um povo individualista que, mesmo com transportes públicos de melhor qualidade, só à lei da bala é que vai deixar o automóvel próprio em casa.

Sobram Ruben de Carvalho e Maria José Nogueira Pinto, seguros, ele mais pragmático, ela mais teórica, mas ambos com ideias muito claras do que está mal em Lisboa e do que deve e pode ser melhorado. Infelizmente, tudo aponta para que, mais uma vez, a demagogia ganhe à competência. Mas não é surpresa. Já é assim desde o século passado, porque haveria de mudar agora?

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