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19 de agosto de 2005

A IRMANDADE DA MASALA DE ESPERA #1

Porque há sempre uma tikka masala aveludada ou uma galáxia de açúcar baunilhado algures por aí à espera, aqui proponho (em homenagem a amiga de devoção a tikka masala aveludada & a amigo de desprazer com galáxias de açúcar baunilhado) a abertura de uma série irregular de posts dedicados à gastronomia urbana descoberta por aqui por ali, iniciados com a visita, ontem à noite, à campodeouriquense Charcutaria (rua Coelho da Rocha, perto do Mercado de Campo de Ourique), salinha mínima que não deve levar mais de 20 pessoas por soirée onde, garante-me o meu comparsa de degustação, amiga e vizinha comum toma diariamente o pequeno-almoço (gosto destes sítios multifacetados, com o seu quê de bem).

Visita anterior à Charcutaria terá sido em encarnação anterior da casa, há uns bons dez anos, não me recordando por isso de eventuais variações de então para cá. Para já, serviço simpático, cortês a cargo de moço aprumado e bem vestido de suave sotaque estrangeiro, sozinho a servir em sala cheia (ainda que pequena) modestamente fornecida e decorada, com ar polivalente (café / restaurante / salão de chá) - a atrapalhação foi ligeira, não houve grandes esperas, mas foi curioso ver as estratégias para lidar com as exigências. Avisado pelo comparsa que o preço da coisa poderia ser para o puxadito, a surpresa foi ver que só alguns dos pratos mais elaborados (dos quais fugimos, até porque empada de perdiz não faz o meu género) ultrapassavam a barreira psicológica dos €10,00, e como eu me fiquei pela água e ele pela cerveja, a coisa não saiu estupidamente cara.

Couvert proposto - fatias de pão de forma cortadas em triângulos acompanhadas por pâté caseiro levemente avinagrado mas de agradável textura, mais empadinhas de galinha acabadinhas de sair do forno e ainda quentes (que, por isso, não ficaram especialmente na memória).

Passando ao prato principal, parece que o polvo grelhado com batatas a murro (coberto por picadinho de cebola, salsa e alho e servido com liberal dose de azeite) não estava mal (embora o comparsa tenha achado um tudo nada azeitado em excesso). Coube-me provar os secretos de porco preto com migas de batata e couve - quatro lombinhos grelhados no ponto servidos com salsa picada em cama de azeite condimentado com um toque de vinagre, com as migas (de um verde claro esbranquiçado, com uma textura agradavelmente próxima do esparregado mas travo mais delicado) servidas em pratinho separado. Depois das entradas, a dose surge na quantidade ideal para satisfazer sem encher.

Dispensámos o café, mas o amigo comparsa não dispensou doce e encomendou a sobremesa mista, prato degustação com quatro fatias finas de quatro especialidades. Não sou moço de fios de ovos pelo que a encharcada ficou toda para ele, e o bolo de chocolate era um pouco carregado demais, mas a sericaia estava excelente. O todo ficou por €26.50 para duas pessoas, o que é aceitável sem ser excessivo, mas caso houvesse vinho à mistura facilmente teria inchado para o dobro.

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