O facto do novo código da estrada prever sanções duras para quem conduzir enquanto fala ao telemóvel parece não ter afectado o jovem executivo que, esta tarde, guiava um automóvel marcado com o autocolante "test-drive" com o aparelho colado ao ouvido esquerdo.
Donde se prova que, para se ser sancionado, primeiro tem de se ser apanhado, e os portugueses acham genericamente que tal coisa dificilmente acontecerá.
Blog-notas de ideias soltas; post-it público de observações casuais; fragmentos em roda livre, fixados em âmbar. Eu, sem filtro. jorge.mourinha@gmail.com
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30 de março de 2005
29 de março de 2005
SONHO DE SEGUNDA-FEIRA A SEGUIR AO DOMINGO DE PÁSCOA
Entro no cinema Condes, que já não é cinema mas antes uma sala-museu cujo interior claramente é demasiado grande para o gaveto dos Restauradores onde ele fica; lá dentro, uma sucessão de salas em estilos arquitectónicos medievais que passam pelo barroco manuelino e pelos interiores do Tivoli, do Império e do Eden até descambar num salão Luís XV no último piso com mesinhas de café modernas, com portas abertas para o interior da sala. Mas não entro; dirijo-me a uma outra porta que dá para um quarto de dormir. Ajoelho-me frente à cómoda e abro uma gaveta, onde, por baixo de camisas, encontro uma selecção de revistas de actualidades e um álbum de fotografias. Pego nas revistas, fecho a gaveta e dirijo-me para a saída do cinema, mas cá fora percebo que as revistas não são aquelas que eu queria.
(Isto continua claramente estranho e eu continuo sem saber onde vou buscar estas coisas.)
(Isto continua claramente estranho e eu continuo sem saber onde vou buscar estas coisas.)
28 de março de 2005
SONHO DE DOMINGO DE PÁSCOA
As águas negras que vêm sabe-se lá de onde chegam em paz, transportando enormes blocos de gelo negro e centauros bondosos e lúbricos, um dos quais se atrela de imediato à minha amiga e desce com ela o Parque Eduardo VII, olhando de vez em quando para mim que vou atrás a conversar com outro que me diz "ele é mesmo assim, não ligues".
(Onde raio irei eu buscar estas coisas?)
(Onde raio irei eu buscar estas coisas?)
27 de março de 2005
DOMINGO DE PÁSCOA (QUESTÃO PARA QUEM AINDA SE DÁ AO TRABALHO DE VER TELEVISÃO)
Antes do advento da televisão por cabo (e dos seus "57 channels and nothing on", para citar Springsteen), nos tempos dos dois canais institucionais (que a RTP Memória tanto tem feito para nos fazer recordar com prazer), era impossível fugir à programação pascal. Mas, agora que há os tais "57 channels" e que 52 deles se comportam como um canal de televisão normal sem programação alusiva, agora que o domingo televisivo de Páscoa é apenas mais um domingo, será que se perdeu alguma coisa? Será que esta vulgarização do feriado funciona como sintoma de um afastamento dos "valores cristãos" por parte da sociedade como um todo, ou antes pelo contrário é um prenúncio de um maior afastamento ainda (vide as "self-fulfilling prophecies"? E isto tem alguma importância que não seja meramente sociológica?
26 de março de 2005
CHRYSLER NEON
Em dois dias sucessivos, já deu para perceber que os condutores que optam pelo recém-introduzido em Portugal Chrysler Neon não primam pela cortesia nem pelo civismo. Um queria ultrapassar numa rua estreita de dois sentidos; o outro ultrapassa pela direita e acelera em cima da passadeira. Coincidência?
25 de março de 2005
POLAROID: MASSA E FEIJÃO
Armazéns do Chiado, 14h30: em frente à loja das sopas, uma senhora grita, alto e bom som, a quem a quiser ouvir, perante o desespero das empregadas, que "vão roubar para outro sítio, isso não tem carne, é só massa e feijão". A senhora está vestida de negro, um casaco e uma saia curta a realçar as formas do corpo, sapatos de salto alto e meias de fantasia, maquilhagem carregada e cabelo louro platinado a esconder a meia idade, mala escura e saco de compras, voz rouca a gritar alto e bom som, chamando a atenção de quem passa e de um segurança da loja. A gritaria insiste, dez, quinze minutos. Não cheguei a perceber em que se resolveu a questão, mas, minutos mais tarde, a senhora estava a protestar junto da recepção do centro à recepcionista de serviço, que a ouvia educadamente a contar uma história como quem sabia que tinha ali uma audiência cativa.
24 de março de 2005
GOURMET CHEWING GUM
Estive retido numa fila para pagar jornais numa tabacaria por causa de um jovem executivo indeciso sobre a variedade de pastilha elástica a adquirir.
23 de março de 2005
BOB DYLAN ESTÁ DE SAÚDE E RECOMENDA-SE A VIVER ALGURES NO MASSACHUSETTS
Ele sabe. Ele sabe sempre.
Lucy jumped from the 39th floor
said she just couldn't face another poor man
every jukebox stuck on The Who's Next
well, that almost got me when Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
Penny walked in with that Love in Vain look
said every last man should be hanging from a meat hook
looked in my eye, singing Marry Me Bill
I loosened my tie just as Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
and I was so depressed today...
Bobby said we're going to get rich quick
you buy a brand new car
they give you automatic cash back
pick up a parking lot, no money down
he was counting the cost just as Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
-- Lloyd Cole, "Let's Get Lost", in "Love Story" (Fontana, 1997)
Lucy jumped from the 39th floor
said she just couldn't face another poor man
every jukebox stuck on The Who's Next
well, that almost got me when Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
Penny walked in with that Love in Vain look
said every last man should be hanging from a meat hook
looked in my eye, singing Marry Me Bill
I loosened my tie just as Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
and I was so depressed today...
Bobby said we're going to get rich quick
you buy a brand new car
they give you automatic cash back
pick up a parking lot, no money down
he was counting the cost just as Jimmy said
let's get lost
go work on a farm
a change of weather couldn't do you no harm
let's get lost
pick up your feet
don't tempt fate, boy, get a pair of cheap skates
-- Lloyd Cole, "Let's Get Lost", in "Love Story" (Fontana, 1997)
21 de março de 2005
COMO ESVAZIAR QUALQUER SALA DE ESPERA
Deixar o televisor no canal por cabo da Assembleia da República durante uma discussão do programa do governo.
20 de março de 2005
DIZ O ROTO AO NU
Alguém lhe pode explicar, por favor, que ele é a última pessoa com autoridade para dizer este tipo de coisas? Obrigado.
O LUTADOR
Isto, minhas senhoras e meus senhores, é poesia. A canção popular raras vezes terá sido tão perfeita.
I am just a poor boy.
Though my story's seldom told,
I have squandered my resistance
for a pocketful of mumbles,
such are promises.
All lies and jest,
still a man hears what he wants to hear,
and disregards the rest.
When I left my home
and my family,
I was no more than a boy
in the company of strangers
in the quiet of the railway station
running scared,
laying low,
seeking out the poorer quarters
where the ragged people go,
looking for the places
only they would know.
Asking only workman's wages
I come looking for a job,
but I get no offers,
just a come-on from the whores on Seventh Avenue.
I do declare,
there were times when I was so lonesome
I took some comfort there.
Now the years are rolling by me
they are rocking evenly
I am older than I once was
younger than I'll be
but that's not unusual
no it isn't strange
after changes upon changes
we are more or less the same
after changes we are more or less the same.
Then I'm laying out my winter clothes
and wishing I was gone,
going home
where the New York City winters
aren't bleeding me,
leading me,
to go home.
In the clearing stands a boxer,
and a fighter by his trade,
and he carries the reminders
of ev'ry glove that laid him down
or cut him till he cried out
in his anger and his shame,
"I am leaving, I am leaving".
But the fighter still remains.
-- Paul Simon para Simon & Garfunkel, "The Boxer", 1968
I am just a poor boy.
Though my story's seldom told,
I have squandered my resistance
for a pocketful of mumbles,
such are promises.
All lies and jest,
still a man hears what he wants to hear,
and disregards the rest.
When I left my home
and my family,
I was no more than a boy
in the company of strangers
in the quiet of the railway station
running scared,
laying low,
seeking out the poorer quarters
where the ragged people go,
looking for the places
only they would know.
Asking only workman's wages
I come looking for a job,
but I get no offers,
just a come-on from the whores on Seventh Avenue.
I do declare,
there were times when I was so lonesome
I took some comfort there.
Now the years are rolling by me
they are rocking evenly
I am older than I once was
younger than I'll be
but that's not unusual
no it isn't strange
after changes upon changes
we are more or less the same
after changes we are more or less the same.
Then I'm laying out my winter clothes
and wishing I was gone,
going home
where the New York City winters
aren't bleeding me,
leading me,
to go home.
In the clearing stands a boxer,
and a fighter by his trade,
and he carries the reminders
of ev'ry glove that laid him down
or cut him till he cried out
in his anger and his shame,
"I am leaving, I am leaving".
But the fighter still remains.
-- Paul Simon para Simon & Garfunkel, "The Boxer", 1968
19 de março de 2005
A TEORIA DA CONSTIPAÇÃO
Não sei se repararam. Mas, nas reportagens dos protestos da Bombardier, enquanto os trabalhadores se manifestavam, um agente da polícia puxava de um pacotinho de plástico e tirava um lenço de papel para se assoar. Lenço esse de cor verde (mentolado?). Afinal, a polícia também tem direito à sua constipaçãozinha, mesmo no meio dos protestos da classe trabalhadora.
18 de março de 2005
15 de março de 2005
JAYWALKING
Às vezes, faço o exercício de olhar para as coisas como se fosse estrangeiro e nunca as tivesse visto antes na vida, e estivesse agora a deparar-me com elas pela primeira vez. Por vezes, faço esse exercício deliberadamente; por vezes acontece-me sem eu dar por isso, porque estava a pensar noutra coisa. Hoje, dei por mim a pensar que os estrangeiros devem achar muito peculiar o facto dos portugueses terem passeios na rua mas preferirem andar pelo meio da estrada e terem passadeiras para atravessar a estrada mas escolherem sempre fazê-lo fora das passadeiras ou sem respeitarem os sinais.
Em tempos, disseram-me que nos Estados Unidos quem atravessa fora da passadeira pode ser multado. Acabei de encontrar a maneira ideal dos cofres do Estado cobrirem o eterno défice.
Em tempos, disseram-me que nos Estados Unidos quem atravessa fora da passadeira pode ser multado. Acabei de encontrar a maneira ideal dos cofres do Estado cobrirem o eterno défice.
13 de março de 2005
ADEUS, DRAGON INN
— Sabe que este cinema está assombrado?
Este cinema está assombrado.
Fantasmas...
— Sou japonês.
— Sayonara.
— Sayonara.
— Professor Miao?
— Shih Chun!
— Veio ver o filme?
— Já há muito tempo que não venho ver nenhum...
— Já ninguém vem ao cinema.
E já ninguém se lembra de nós.
As doze linhas acima são todo o diálogo falado pelo elenco de "Adeus, Dragon Inn", de Tsai Ming-Liang, agora em exibição em Lisboa, ao longo da totalidade da duração do filme. E é falado por apenas quatro dos oito actores do filme; os restantes quatro não dizem nada. Em rigor, "Adeus, Dragon Inn" não é um filme convencional; é uma atmosfera texturada, uma experiência radical, um objecto-limite. Fosse este filme português, haveria quem se insurgisse contra o seu hermetismo; na sessão a que fui, houve bastante gente a sair durante a projecção. Lembrei-me de "Comboio de Sombras", de José Luís Guerin, com uma diferença: eu não gostei nada de "Comboio de Sombras", enquanto que "Adeus, Dragon Inn" me tocou bem fundo na nostalgia do "velho" cinema, porque este é um filme sobre um cinema moribundo, sobre uma sala de Taipei que projecta a sua última sessão (precisamente com o filme "Dragon Inn", um clássico das artes marciais de King Hu). O cinema Fu-Ho povoado de fantasmas (mas serão realmente fantasmas?) poderia ser um qualquer Monumental, Império, Condes, São Jorge, Avis, salas grandiosas de uma outra era projectando uma última sessão para um auditório vazio. "Adeus, Dragon Inn" poderia ser apenas um filme nostálgico, mas o modo como trabalha essa nostalgia, dilatando a experiência da última sessão, desintegrando-a na distensão de todas as rotinas quotidianas dos empregados da sala, empresta-lhe uma dignidade e uma transcendência especiais.
"Adeus, Dragon Inn" exige entrega e não se desvenda facilmente. É um filme-limite; ou se ama ou se odeia. Mas quem ama o cinema só pode amá-lo.
Este cinema está assombrado.
Fantasmas...
— Sou japonês.
— Sayonara.
— Sayonara.
— Professor Miao?
— Shih Chun!
— Veio ver o filme?
— Já há muito tempo que não venho ver nenhum...
— Já ninguém vem ao cinema.
E já ninguém se lembra de nós.
As doze linhas acima são todo o diálogo falado pelo elenco de "Adeus, Dragon Inn", de Tsai Ming-Liang, agora em exibição em Lisboa, ao longo da totalidade da duração do filme. E é falado por apenas quatro dos oito actores do filme; os restantes quatro não dizem nada. Em rigor, "Adeus, Dragon Inn" não é um filme convencional; é uma atmosfera texturada, uma experiência radical, um objecto-limite. Fosse este filme português, haveria quem se insurgisse contra o seu hermetismo; na sessão a que fui, houve bastante gente a sair durante a projecção. Lembrei-me de "Comboio de Sombras", de José Luís Guerin, com uma diferença: eu não gostei nada de "Comboio de Sombras", enquanto que "Adeus, Dragon Inn" me tocou bem fundo na nostalgia do "velho" cinema, porque este é um filme sobre um cinema moribundo, sobre uma sala de Taipei que projecta a sua última sessão (precisamente com o filme "Dragon Inn", um clássico das artes marciais de King Hu). O cinema Fu-Ho povoado de fantasmas (mas serão realmente fantasmas?) poderia ser um qualquer Monumental, Império, Condes, São Jorge, Avis, salas grandiosas de uma outra era projectando uma última sessão para um auditório vazio. "Adeus, Dragon Inn" poderia ser apenas um filme nostálgico, mas o modo como trabalha essa nostalgia, dilatando a experiência da última sessão, desintegrando-a na distensão de todas as rotinas quotidianas dos empregados da sala, empresta-lhe uma dignidade e uma transcendência especiais.
"Adeus, Dragon Inn" exige entrega e não se desvenda facilmente. É um filme-limite; ou se ama ou se odeia. Mas quem ama o cinema só pode amá-lo.
BMW Z3
Esta tarde, um descapotável BMW Z3 estava parado à porta de minha casa. Visto do lado esquerdo, estava impecável, reluzente. Visto do lado direito, a carroçaria estava impecável e reluzente, mas onde deveria estar o vidro do passageiro estava uma placa de cartão e plásticos presos por fita adesiva castanha. Metáfora perfeita do país em que vivemos: o luxo é só fachada, porque depois não há dinheiro para manter o nível de vida que o BMW Z3 projecta.
12 de março de 2005
O CONSUMIDOR GOSTARIA DE TER ALGUMAS EXPLICAÇÕES
Será que é possível levantar uma queixa contra os fabricantes de manteiga que anunciam o seu produto como "fácil de barrar" directamente do frigorífico quando, sempre que o tento fazer em cima de tostas, a dita consistência cremosa é inexistente e as tostas partem-se todas? E, já agora, sabiam que "fácil de barrar directamente do frigorífico" é traduzido em francês por "frigotartinable"?
11 de março de 2005
PALAVRAS DE QUE GOSTO MUITO EMBORA NÃO TENHAM GRANDE UTILIZAÇÃO PRÁTICA QUOTIDIANA #57
Esfíncter.
(é favor não ler segundas intenções — é mesmo só porque eu acho a palavra realmente interessante)
(é favor não ler segundas intenções — é mesmo só porque eu acho a palavra realmente interessante)
9 de março de 2005
SÁBIAS PALAVRAS
"O ócio convém-me mais do que qualquer outra actividade. Um papel é um meio de não fazer nada durante bastante tempo."
"A actividade é uma máscara que as pessoas usam para tapar o vazio. Mas é esse vazio que é interessante, é nos tempos mortos que descobrimos a nossa identidade. Em tempos eu era paranóico e angustiado, porque vivia apenas para os holofotes. De que serve sermos nós próprios apenas em palco?"
Rupert Everett à jornalista do Le Monde Florence Colombani, na edição de 7 de Março do quotidiano francês.
"A actividade é uma máscara que as pessoas usam para tapar o vazio. Mas é esse vazio que é interessante, é nos tempos mortos que descobrimos a nossa identidade. Em tempos eu era paranóico e angustiado, porque vivia apenas para os holofotes. De que serve sermos nós próprios apenas em palco?"
Rupert Everett à jornalista do Le Monde Florence Colombani, na edição de 7 de Março do quotidiano francês.
8 de março de 2005
ALUGAR É O QUE ESTÁ A DAR
Quem o diz não sou eu, é o venerando Economist, na sua edição desta semana. É a melhor explicação que eu já encontrei para a minha decisão de nunca ter querido investir em comprar uma casa.
To buy or not to buy? That is the question
Mar 3rd 2005
From The Economist print edition
Today it is often much cheaper to rent than to buy a house
“IT IS always better to buy a house; paying rent is like pouring money down the drain.” For years, such advice has encouraged people to borrow heavily to get on the property ladder as soon as possible. But is it still sound advice? House prices are currently at record levels in relation to rents in many parts of the world and it now often makes more financial sense—especially for first-time buyers—to rent instead.
Homebuyers tend to underestimate their costs. Once maintenance costs, insurance and property taxes are added to mortgage payments, total annual outgoings now easily exceed the cost of renting an equivalent property, even after taking account of tax breaks. Ah, but capital gains will more than make up for that, it is popularly argued. Over the past seven years, average house prices in America have risen by 65%, those in Britain, Spain, Australia and Ireland have more than doubled. But it is unrealistic to expect such gains to continue. Making the (optimistic) assumption that house prices instead rise in line with inflation, and including buying and selling costs, then over a period of seven years—the average time American owners stay in one house—our calculations show that you would generally be better off renting.
Be warned, if you make such a bold claim at a dinner party, you will immediately be set upon. Paying rent is throwing money away, it will be argued. Much better to spend the money on a mortgage, and by so doing build up equity. The snag is that the typical first-time buyer keeps a house for less than five years, and during that time most mortgage payments go on interest, not on repaying the loan. And if prices fall, it could wipe out your equity. In any case, a renter can accumulate wealth by putting the money saved each year from the lower cost of renting into shares. These have, historically, yielded a higher return than housing. Putting all your money into a house also breaks the basic rule of prudent investing: diversify. And yes, it is true that a mortgage leverages the gains on your initial deposit on a house, but it also amplifies your losses if house prices fall.
“I want to have a place to call home,” is a popular retort. Renting provides less long-term security and you cannot paint all the walls orange if you want to. Home ownership is an excellent personal goal, but it may not always make financial sense. The pride of “owning” your own home may quickly fade if you are saddled with a mortgage that costs much more than renting. Also, renting does have some advantages. Renters find it easier to move for job or family reasons.
“If I don't buy now, I'll never get on the property ladder” is a common cry from first-time buyers. If house prices continue to outpace wages, that is true. But it now looks unlikely. When prices get out of line with what first-timers can afford, as they are today, they always eventually fall in real terms. The myth that buying is always better than renting grew out of the high inflation era of the 1970s and 1980s. First-time buyers then always ended up better off than renters, because inflation eroded the real value of mortgages even while it pushed up rents. Mortgage-interest tax relief was also worth more when inflation, and hence nominal interest rates, was high. With inflation now tamed, home ownership is far less attractive.
The divergence between rents and house prices is, of course, evidence of a housing bubble. Someday prices will fall relative to rents and wages. After they do, it will make sense to buy a home. Until they do, the smart money is on renting.
To buy or not to buy? That is the question
Mar 3rd 2005
From The Economist print edition
Today it is often much cheaper to rent than to buy a house
“IT IS always better to buy a house; paying rent is like pouring money down the drain.” For years, such advice has encouraged people to borrow heavily to get on the property ladder as soon as possible. But is it still sound advice? House prices are currently at record levels in relation to rents in many parts of the world and it now often makes more financial sense—especially for first-time buyers—to rent instead.
Homebuyers tend to underestimate their costs. Once maintenance costs, insurance and property taxes are added to mortgage payments, total annual outgoings now easily exceed the cost of renting an equivalent property, even after taking account of tax breaks. Ah, but capital gains will more than make up for that, it is popularly argued. Over the past seven years, average house prices in America have risen by 65%, those in Britain, Spain, Australia and Ireland have more than doubled. But it is unrealistic to expect such gains to continue. Making the (optimistic) assumption that house prices instead rise in line with inflation, and including buying and selling costs, then over a period of seven years—the average time American owners stay in one house—our calculations show that you would generally be better off renting.
Be warned, if you make such a bold claim at a dinner party, you will immediately be set upon. Paying rent is throwing money away, it will be argued. Much better to spend the money on a mortgage, and by so doing build up equity. The snag is that the typical first-time buyer keeps a house for less than five years, and during that time most mortgage payments go on interest, not on repaying the loan. And if prices fall, it could wipe out your equity. In any case, a renter can accumulate wealth by putting the money saved each year from the lower cost of renting into shares. These have, historically, yielded a higher return than housing. Putting all your money into a house also breaks the basic rule of prudent investing: diversify. And yes, it is true that a mortgage leverages the gains on your initial deposit on a house, but it also amplifies your losses if house prices fall.
“I want to have a place to call home,” is a popular retort. Renting provides less long-term security and you cannot paint all the walls orange if you want to. Home ownership is an excellent personal goal, but it may not always make financial sense. The pride of “owning” your own home may quickly fade if you are saddled with a mortgage that costs much more than renting. Also, renting does have some advantages. Renters find it easier to move for job or family reasons.
“If I don't buy now, I'll never get on the property ladder” is a common cry from first-time buyers. If house prices continue to outpace wages, that is true. But it now looks unlikely. When prices get out of line with what first-timers can afford, as they are today, they always eventually fall in real terms. The myth that buying is always better than renting grew out of the high inflation era of the 1970s and 1980s. First-time buyers then always ended up better off than renters, because inflation eroded the real value of mortgages even while it pushed up rents. Mortgage-interest tax relief was also worth more when inflation, and hence nominal interest rates, was high. With inflation now tamed, home ownership is far less attractive.
The divergence between rents and house prices is, of course, evidence of a housing bubble. Someday prices will fall relative to rents and wages. After they do, it will make sense to buy a home. Until they do, the smart money is on renting.
7 de março de 2005
THE IRONY IS JUST SICKENING (como diria Daffy Duck)
Qual é a música que estava a rodar em "música de fundo", há menos de meia hora, no posto da BP de Paço d'Arcos?
"Achtung Baby", dos U2.
"Achtung Baby", dos U2.
5 de março de 2005
O PAÍS DAS ANEDOTAS
Em Portugal, tudo é pretexto para se fazer uma anedota (até naqueles casos em que, muito evidentemente, o pretexto é já de si uma anedota), como o comprovou o chorrilho de piadas baixas à volta de José Sócrates e Paulo Portas durante a campanha eleitoral, ou a quantidade de piadas com o Bibi e o caso da Casa Pia.
Mas parece-me bem que isto é muito mais significativo do país que somos do que gostamos de pensar: cai o Carmo e a Trindade se se faz uma piada sobre o Papa, mas ninguém protesta por causa das dezenas de piadas sobre as crianças molestadas na Casa Pia, ou das dezenas de piadas sobre a princesa Diana, ou das dezenas de piadas com deficientes?
Mas parece-me bem que isto é muito mais significativo do país que somos do que gostamos de pensar: cai o Carmo e a Trindade se se faz uma piada sobre o Papa, mas ninguém protesta por causa das dezenas de piadas sobre as crianças molestadas na Casa Pia, ou das dezenas de piadas sobre a princesa Diana, ou das dezenas de piadas com deficientes?
4 de março de 2005
EMOÇÕES PRIMÁRIAS
(segunda tentativa, depois da primeira ter desaparecido nem eu sei como)
Ainda hoje não sei o que me marcou tanto em "Silverado", de Lawrence Kasdan, a não ser que, à altura da estreia, o vi cinco vezes a curtos intervalos e senti o regresso de um fôlego cinematográfico que não voltou a aparecer tão cedo. Já em 1985 este western tudo menos crepuscular, que recuperava a emoção primária do cinema clássico de aventuras numa altura em que o filme de cowboys estava dado como morto, era um anacronismo. Hoje, não sei o que será, já há anos que não o vejo (mas desconfio que, como já na altura era um filme fora, hoje continuará a sê-lo, e tem Kevin Kline num dos grandes papéis da sua vida). Mas sei que continuo a ter uma ternura muito especial por este filme que não teve, à altura, o sucesso merecido. E apetece-me recomendá-lo a toda a gente. Passa amanhã às 16h30 no Canal Hollywood.
3 de março de 2005
GAJAS AO VOLANTE (título propositadamente enganador)
Não sou nada do género machista misógino que acha que as mulheres guiam mal. Pelo contrário, duas ou três das minhas melhores amigas são excelentes condutoras, melhores que bastantes homens que conheço (e, aqui, lembro-me do meu pai, que tirou a carta tardiamente e sempre foi um pouco pé de chumbo a conduzir). E acho que há muitos homens que guiam mal (aliás, vejo muitos sempre que pego no carro). Mas, hoje de manhã, encontrei uma senhora que, efectivamente, era o exemplo perfeito do adágio (que, aliás, também não é exclusividade masculina, visto que uma das tais minhas amigas também acha que, no geral, as mulheres conduzem mal). Desde não ver o sinal aberto à frente até fazer curvas ultrapassando pela direita e sem fazer sinal, a senhora cometeu em 50 metros tanta infracção e distracção que me pareceu não ter claramente o menor jeito para estar ao volante. Claro que, em Portugal, não é preciso ser mulher para não ter o menor jeito para estar ao volante.
2 de março de 2005
COMING UP CLOSE
Ando a ouvir muito esta canção. Diz-me que todos procuramos o mesmo e por vezes julgamos encontrá-lo onde apenas está uma ilusão que nós próprios criamos. Diz-me que há momentos que não se repetem e que apenas fazem sentido no seu momento. Diz-me que há quem saiba quando passar à frente daquilo que não é essencial.
one night in Iowa, he and I in a borrowed car
went driving in the summer, promises in every star
out in the distance I could hear some people laughing
I felt my heart beat back a weekend's worth of sadness
there was a farmhouse that had long since been deserted
we stopped and carved our hearts into the wooden surface
we thought just for an instant we could see the future
we thought for once we knew what really was important
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
and oh, by the way
don't you know that I could make
a dream that's barely half awake come true
I wanted to say -
but anything I could've said
I felt somehow that you already knew
we got back in the car and listened to a Dylan tape
we drove around the fields until it started getting late
and I went back to my hotel room on the highway
and he just got back in his car and drove away
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
and oh, by the way
don't you know that I could make
a dream that's barely half awake come true
I wanted to say -
but anything I could've said
I felt somehow that you already knew
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
come on home.
- Aimee Mann para os 'Til Tuesday, "Coming Up Close", in "Welcome Home" (Epic, 1986)
one night in Iowa, he and I in a borrowed car
went driving in the summer, promises in every star
out in the distance I could hear some people laughing
I felt my heart beat back a weekend's worth of sadness
there was a farmhouse that had long since been deserted
we stopped and carved our hearts into the wooden surface
we thought just for an instant we could see the future
we thought for once we knew what really was important
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
and oh, by the way
don't you know that I could make
a dream that's barely half awake come true
I wanted to say -
but anything I could've said
I felt somehow that you already knew
we got back in the car and listened to a Dylan tape
we drove around the fields until it started getting late
and I went back to my hotel room on the highway
and he just got back in his car and drove away
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
and oh, by the way
don't you know that I could make
a dream that's barely half awake come true
I wanted to say -
but anything I could've said
I felt somehow that you already knew
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
coming up close
everything sounds like welcome home
come home
come on home.
- Aimee Mann para os 'Til Tuesday, "Coming Up Close", in "Welcome Home" (Epic, 1986)
1 de março de 2005
A UTILIDADE DOS SINAIS DE TRÂNSITO
Quem percorre o centro de Paço d'Arcos de automóvel, vindo da Marginal, depara, junto ao quartel dos bombeiros, com uma rápida sucessão de três sinais de trânsito que, supostamente, deverão facilitar o trânsito na zona. No primeiro, a presença de uma "zebra" no asfalto, apesar da existência de sinais reguladores para peões, leva todo o idoso a atravessar a estrada sem sequer ver se vêm lá carros e ignorando completamente se o sinal está ou não verde para os peões. Os dois sinais seguintes, distantes escassos metros uns dos outros, sugerem que foram projectados para um fluxo de trânsito (provavelmente trazido pela proximidade da estação dos comboios, do terminal de autocarros e do terminal do monocarril) que, na realidade, parece não existe.
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