"A política não interessa a ninguém", diz a minha mãe regularmente. Nunca percebi se ela o diz por absoluta crença na afirmação ou como justificaçao para o desinteresse tão tipicamente lusitano que ela tem pela política — na certeza de que ela não vai perder tempo a pensar no assunto, excepto se por alguma razão a afectar.
Mas, esta noite, vendo os telejornais a dissertar sobre a entrevista de Pedro Santana Lopes ao Jornal de Notícias, sobre o protesto de Miguel Relvas quanto às sondagens, sobre a acção de campanha de Pires de Lima colando um outdoor do PP, sobre a presença de José Sócrates no Forum Novas Fronteiras, sobre Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa e Nuno Morais Sarmento atacando o PS, por um lado percebo-a muito bem. Esta política, digo eu da minha ignorância, não me parece política no sentido de preocupação com o bem público, mas sim um jogo de cadeiras musicais onde cada um tenta ganhar posição e espaço à custa do outro.
E, por outro lado, não posso estar mais em desacordo com ela. Porque, no que depender de mim, estes políticos, todos, sem excepção, não merecem estar onde estão, e cabe a cada um de nós mostrar esse desagrado e contribuir para que as coisas mudem. Enquanto continuarmos a achar que "a política não interessa a ninguém" e que cabe aos outros preocupar-se com isso, as coisas nunca mudarão nem melhorarão. Patti Smith (entre muitos outros) dizia, em tempos, que "people have the power". Deixar o poder nas mãos do povo não é necessariamente uma boa ideia (não é verdade, João?), mas deixá-lo nas mãos desta "elite" não é uma alternativa reconfortante.
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