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27 de janeiro de 2005

INTERVALO

Desde que o turbilhão começou, vai fazer domingo duas semanas, que acho que esta deve ser a primeira noite sossegada que passo em casa, a ouvir música e a sentir-me minimamente útil enquanto arrumo mais uns discos e organizo algumas coisas no computador, sem ter a sensação de andar a fugir de mim mesmo ou de qualquer outra coisa, sem nenhum complexo de culpa por saber que pouco posso fazer.

Para os nostálgicos do tecno-pop dos anos 80, "Nightbird" dos Erasure (Mute/EMI, 2005) é um belo disco de pop orelhuda melancólica explorando as sonoridades vintage dos sintetizadores pioneiros. Para quem gosta de guitarras à solta, "Worlds Apart" dos ...And You Will Know Us By The Trail Of Dead (Interscope/Universal, 2005), é um óptimo álbum de caos meticulosamente organizado, onde a melodia do emo e de recentes variações popificadas do punk encontram as ambições megalómanas do rock progressivo no meio de um maelstrom sónico perfeitamente delineado. E para toda a gente com ouvidos, há uma pérola chamada "Ulisses" (Emarcy Classics/Universal, 2005), pela assombrosa fadista-que-nunca-o-foi-e-agora-ainda-menos Cristina Branco, a descobrir com urgência. Pormenor importante: Cristina Branco não foi contratada por uma companhia portuguesa. Isto deve querer dizer qualquer coisa.

(Recado para o Rodrigo C.: paciência; lá chegaremos, mas gosto da canção dos Starlux, "Low Radiation", mesmo que o resto do EP não seja brilhante.)

1 comentário:

Anónimo disse...

O Jorge acredita que a Aldina Duarte não conhece a obra da Cristina Branco e apenas a ouviu algumas vezes na rádio?
Constou-me que a fadistagem alvoroçada tem-se reunido em bandos e dissecado, ao pormenor, o maravilhoso DVD LIVE. Será que vamos passar a ter melhor fado?