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5 de outubro de 2004

A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

Uma breve passagem pelos noticiários de hoje, dia 5 de Outubro:

— o Ministro dos Assuntos Parlamentares apela à Alta Autoridade para a Comunicação Social para que esta se pronuncie sobre o teor dos comentários do professor Marcelo Rebelo de Sousa na TVI (subentendendo-se que ele apela para que esta se pronuncie contra o mefistofélico professor, para usar a deliciosa alcunha posta pela "Contra-Informação"), e, num discurso em Viseu, põe em dúvida as capacidades intelectuais do novo Secretário-Geral do PS, José Sócrates

— a população de Canas de Senhorim acorrenta-se à porta do Palácio de Belém para que o Presidente da República (que, àquela hora, deveria estar a caminho das cerimónias comemorativas do 5 de Outubro) resolva o seu problema de identidade que, há uns anitos atrás, se manifestou ruidosamente à porta do Centro Vasco da Gama numa parada do 25 de Abril; e uma das senhoras de Canas de Senhorim vem à câmara dizer que houve quem fosse espancada pela polícia como nos tempos do fascismo

— o anúncio de que Carlos Carvalhas vai resignar como Secretário-Geral do PCP, não existindo ainda um sucessor nomeado, tem honras de abertura nos noticiários

— o Presidente da República dá um raspanete ao Primeiro-Ministro e por extensão ao Governo no seu discurso do 5 de Outubro

— o Primeiro-Ministro não comenta o discurso do Presidente da República no momento, apressando-se a sair dos Paços do Concelho (no que um jornalista da RTP-1 definiu, à hora do almoço, como "uma grande confusão, com cadeiras pelo chão") mas, mais tarde, comenta que o discurso era "a pedra que faltava" para o Governo realizar as reformas necessárias

E foi para isto que se implantou a República há 94 anos.

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