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22 de outubro de 2004

A HISTÓRIA DO REI QUE IA NU, E TAL

Meu Deus, como Miguel Sousa Tavares continua certeiro nas suas análises políticas. E, curiosamente, eu e alguns amigos tínhamos ontem aflorado estas questões ao almoço, a própósito daquilo que sentimos como uma baixa de nível alarmante na qualidade do jornalismo português. Mas, aqui entre nós, não é só a baixa do nível dos jornalistas acabadinhos de sair do forno das escolas de comunicação social que ensinam as teorias mas não preparam minimamente para o embate com a prática quotidiana — é também a queda brutal do nível de exigência de quem lê. Quando a tabloidização que começa já a alastrar às televisões (vide o triste episódio da menina algarvia) começa a ganhar terreno em substituição do que deveria ser uma ética minimamente contida, então começamos a perceber que a nossa mesquinhez sôfrega de emoções fortes por procuração não merece realmente mais que o baixo nível que recebe em troca.

E assim se perde um país — por um desgoverno que, não sendo de agora, está agora literalmente exposto. A nu, para quem o quiser ver em vez de fingir que o rei vai ricamente trajado.

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