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17 de setembro de 2004

POLAROID: PETER'S

O Moleskine (agora já não) do Carvoeiro parece-me particularmente apropriado para o ambiente - Peter's Café Sport no Parque das Nações, paredes-meias com o Pavilhão Atlântico na noite de terça, véspera do segundo concerto de Madonna. Aqui, apesar dos "recuerdos" náuticos que pontuam as paredes de madeira, das citações suspensas do tecto, não se respira ambiente nenhum que não seja o da aspiração - este Peter's vende um ersatz do original para quem sonha mas não faz.

Hoje não estou com pressa nenhuma. Pelas janelas vejo as cabines do teleférico da Expo percorrendo os últimos resquícios azul claro em gradual dégradé para violeta-lilása ntes de atingir o azul-cinzento que anuncia a chegada da noite. Chega a tosta mista. Vejo os grupos que se formam naturalmente em antecipação do concerto - o trio que jantava na mesa ao lado incha para noneto, com três homens e cinco mulheres louras e aparentadas, eles com as camisas e as gangas desbotadas da ordem, carteira inchada e telemóvel em cima da mesa, elas de camisas vaporosas, conversando como se fossem amigas desde sempre.

O meu Moleskine tem agora nódoas de descafeinado, o que me parece significativamente chique para dar alguma patine, um certo ar vivido. Tem a ver com o ambiente: está tudo em parecer.

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