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29 de setembro de 2004

A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA #10

A caminho do consultório do dentista, que fica em Campo de Ourique, passo sempre pelo cinema Europa, à esquina entre a Almeida e Sousa e Francisco Metrass, à vista do Jardim da Parada; uma daquelas salas de bairro clássicas que murcharam e desapareceram depois do 25 de Abril. Algures nos anos 80, o Europa, com a estrutura que sempre identifico com o cinema Roma (hoje Forum Lisboa; balcão em rampa erguendo-se do fim da plateia), passou a estúdio de televisão da RTP, de onde era emitido o célebre "Um Dois Três". Agora, o Europa está encerrado, a fachada suja, as portas enferrujadas, as poucas lojas embutidas em espaços vazios da frontaria fechadas, vidraças tapadas com papel pardo. A fachada já não tem o enorme letreiro suspenso da esquina com a palavra "Europa" em queda vertical, e nem o nome em letras de metal sobre a fachada cega de frisos modulares anos 50 subsiste. Arquitectonicamente, sempre gostei muito destas fachadas cegas com o nome da sala iluminada de dentro em contra-luz (outras eram a do Avis, no Arco do Cego, hoje demolido, ou a do Pathé-ex-Imperial, à Praça do Chile, encerrado há quase 20 anos). Há qualquer coisa de nostálgico nisto, eu sei.

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