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27 de setembro de 2004

ESQUECIMENTO

Comecei por gostar da energia e do embalo da canção. Anteontem, por alguma razão, parei na letra, polaroid trava-línguas de algo que não devo ser só eu a sentir, mas também muito boa gente aí por essa comunidade de solidões a que chamamos cidade fora. Agora, ainda gosto mais da canção (e do disco). Alterem o género da primeira pessoa a vosso bel-prazer.

esta é sobre ti. tem amor e ódio
é para ires ouvindo nas tuas horas de ócio.
ínfima parte de um sonho perdido,
libertei-o já o tinha esquecido.
é o sinal.

espero um momento na sombra da rua
ouço uma voz que me lembra a tua.
passei pelo risco de sofrer
por não ler os teus sinais.
é o sinal
para recomeçar.

quero ver gente, quero ver a terra
chegar a casa e ter alguém à espera
quero um presente, quero ser bera
quero ser submissa, quero ser a fera

leva-me às areias quentes,
que mastigam os sentimentos
e me deixam nua perante os elementos.
ensina-me a escavar
objectos sem estragar
para que sorrir seja sempre vulgar.
dá-me de beber
finas gotas desse mel
para que o meu saber
não esteja só no papel.
incita-me a lembrar
do teu gosto pelo mar
para que um dia eu fique pronta a zarpar.

espero que amanhã tudo seja diferente
e que tu possas estar presente

quero ver gente, quero ver a terra
chegar a casa e ter alguém à espera
quero um presente, quero ser bera
quero ser submissa, quero ser a fera

incita-me a atirar os dados sem soprar
para que te vencer seja vulgar

quero ver gente, quero ver a terra
chegar a casa e ter alguém à espera
quero um presente, quero ser bera
quero ser submissa, quero ser a fera

incita-me a atirar
para recomeçar.


- João Pedro Coimbra para Mesa, "Esquecimento", in "Mesa" (Zona 2003; reed. Virgin/EMI 2004)

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