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28 de agosto de 2004

COITADO DO JORGE

É verdade que o DNA já teve melhores dias (e é, claramente, ainda mais verdade que o próprio Diário de Notícias já não é o que era). É verdade que há algo nas entrevistas de Anabela Mota Ribeiro que me confunde (será o tom aspiracional, desesperadamente precioso, que elas manifestam, de alguém que quer ir mais longe do que aquilo que pode?). Mas, ontem, a entrevista de Jorge Silva Melo é uma daquelas pérolas que nos obrigam a pensar nas coisas, de uma serenidade delicadamente magoada, de uma solidão orgulhosa mas desencantadamente assumida, de uma tranquilidade inquieta. E, por uma vez, o essencial é logo dito no início. Magnificamente.

É uma daquelas hesitações que tenho sempre: porque é que vim parar a esta minha vida?, que escolhas fui fazendo?, não terei falhado as escolhas principais? Quando fundei a Cornucópia com o Luís Miguel e desisti de trabalhar no cinema, terei feito a escolha certa? (...) Essa vida que não vivi é a vida que me preocupa (...).

Tudo o resto vem daqui. E é raro uma conversa conseguir articular com tamanha lucidez o tanto (e, paradoxalmente, tão pouco) que uma vida é e pode ser.

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