Sesimbra: Cabo Afonso, sábado 26 de Junho, 11h18: 9.8m, 70min, 20º C
Do outro lado do Cabo Afonso, em dia de mar chão e brisa leve, a água terá uma visibilidade aí de quatro metros, não mais, perturbada por suspensão esverdeada e, aqui e ali, por o que parece areia em gravidade zero. Tudo à volta está repleto de enormes laminárias, ondulando ao sabor da corrente, escondendo a vida que se agarra às rochas. A cinco metros, enormes cardumes prateados rodopiam como nuvens. Estendo a mão para me afastar de uma rocha da qual estou demasiado próximo, incomodo sem reparar um polvo que dispara imediatamente para o fundo, escondendo-se por entre as laminárias.
É o meu recorde de permanência debaixo de água — 70 minutos e ainda trouxe 50 bares de ar para cima — muito ajudado pela fraca profundidade e pelo parceiro: o Luís (um divemaster certificado que trouxe ainda 70 bares para cima) parece-se com Michael Moore mas em mais magro, mora em Espanha, apenas mergulha em Portugal quando vem de férias uma vez por ano, e tem a idiossincrasia de não levar tradicional fato de duas peças ou semi-seco, mas sim dois fatos térmicos de 2mm sobrepostos, sem capuz (e eu é que ainda acabei o mergulho a começar a ter frio...).
Desconhecendo o rapaz o Cabo Afonso, aproveitei a ocasião para lhe fazer uma "visita guiada" onde pratiquei, titubeantemente mas com algum sucesso, algumas das técnicas de orientação que aprendi no nível avançado, e aproveitei para afinar a minha flutuabilidade (a ver se da próxima vez já consigo tirar um peso aos chumbos).
À saída, a expressão de felicidade do Luís, que não ia ao mar há ano e meio e entrava hoje de férias, resume na perfeição porque é que eu gosto tanto disto. E não só sou eu.
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