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25 de maio de 2004

POLAROID METRO

Nove da manhã na estação do Rato: procuro comprar um bilhete de dez viagens mas três das quatro máquinas de bilhetes estão desactivadas, a quarta não aceita notas e a bilheteira está fechada, apesar de dois funcionários do metro estarem parados a olhar para a fila que se formou junto da única máquina que funciona. Ao ver que a máquina não aceita notas e não tenho moedas suficientes para o bilhete, dirijo-me aos funcionários e pergunto onde posso comprar um bilhete de dez viagens; um dos funcionários pergunta-me para onde vou, respondo-lhe Jardim Zoológico, e ele diz-me "então faça assim — entre por ali" (indica-me o canal que está sempre aberto), "e quando mudar no Marquês dirige-se ao meu colega e compra lá o seu bilhete que nós aqui não podemos vender". Agradeço a ajuda, chego à máquina, compro um bilhete simples e faço o meu percurso normalíssimo até ao Jardim Zoológico, onde, no regresso, compro, na máquina, sem problemas um bilhete de dez viagens.

Uma da tarde no trajecto de metro Jardim Zoológico-Marquês de Pombal: um homem senta-se no banco do lado oposto, de costas para o resto da carruagem, com um ar amuado. Ao longo do percurso vai resmungando coisas para si próprio; só a espaços o consigo perceber, "pontapé nas trombas é o que ela merecia" ou coisa do género; a estudante adolescente sentada à minha frente ri-se para si própria, a senhora sentada à frente do homem mostra-se incomodada. Levantamo-nos quase todos para sair no Marquês e, depois do comboio parar, só dou pelo homem a levantar-se e a virar-se para trás, alterado, aos gritos: "esteja calada sua filha da puta senão vou-lhe às trombas", frase dirigida a alguém que não percebi bem quem era. Nem eu nem quase toda a gente que também saiu no Marquês.

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