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16 de abril de 2004

PRECISÃO AO ESCLARECIMENTO

Miguel Sousa Tavares precisa, no Público de hoje, a um leitor do Porto que resmunga contra a radiografia de um Porto deprimido que ele fez há algumas semanas atrás:

Queria apenas esclarecer o leitor que não fui eu que inventei que o Porto anda deprimido. De há meses para cá que não oiço outra conversa no Porto e às gentes do Porto.

Quisesse eu ser mauzinho e diria que não ouço outra conversa às gentes do Porto há alguns anos. Mas, por uma vez, nem me parece que essa funda depressão seja um exclusivo da Invicta. Vire-me para onde virar, toda a gente, de Trás-os-Montes ao Algarve, parece partilhar de tal opinião. Amiga de longos anos dizia-me hoje ao almoço que só não emigra para longe porque já não tem idade para isso — tivesse ela 28 anos e não ficaria neste país "sem futuro" nem mais um instante.

Portugal não está (apenas) em crise: Portugal está numa depressão. E o que é mais espantoso é que este país do desenrascanço, do fura-vidas, do cada-um-por-si e do salve-se-quem-puder, do cá-vamos-cantando-e-rindo, está absolutamente incapaz de se desenrascar dessa tal depressão: tão habituado a sacudir a água do capote está que não consegue perceber que desta não se safa a passar a bola para os outros. Ou faz pela vida ou está feito.

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