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29 de fevereiro de 2004

POLAROID RESTAURADORES

É meia-noite e meia. Os Restauradores e a Avenida da Liberdade parecem desafiar a vox populi da desertificação: ainda a mole humana saciada pelas palavras do poeta Godinho começa a descer as escadas do Coliseu, os últimos resistentes da "My Fair Lady" no Politeama pedem autógrafos ao elenco à esquina do Odeon ou sobem pacatamente a avenida em direcção aos carros estacionados na lateral da avenida, há fila para entrar no Hard Rock Café e vê-se a enchente do espaço pelas portas laterais do Condes, o público acotovela-se à saída do musical no Tivoli, em direcção aos autocarros parados na faixa bus, o trânsito na lateral avança a passo lento devido aos carros que, conduzidos por senhores de meia ou terceira idade, saem do estacionamento. Um sem-abrigo dorme à porta de uma agência de viagens. Há sacos do lixo por todo o lado. É sábado à noite e esta movimentação recorda-me de outras noites de que apenas ouvi falar, de uma Lisboa perdida que já não volta mais, apesar das aparências.

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