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22 de fevereiro de 2004

MANIFESTO CONTRA AS CADEIRAS DE AUDITÓRIO DESCONFORTÁVEIS

Experimentem ver quatro filmes de seguida sentados nas cadeiras do Rivoli. Experimentem ter 1m89 de altura como eu, terem as pernas encostadas à cadeira da frente e não terem maneira quase nenhuma de se reajustarem na cadeira sem a) perturbar a visão de quem está atrás b) incomodarem o vizinho do lado c) incomodarem o vizinho da frente. Experimentem já não terem posição para estarem ao fim do primeiro dos quatro filmes. Então se a sala estiver cheia, é uma tortura. Para já não falar da falta de arejamento da sala, que, quando cheia, é desconfortavelmente abafada e quente.

Não é um problema exclusivo do Rivoli. Em Lisboa, é mato as salas de espectáculos que não estão minimamente pensadas para quem é um bocadinho mais alto ou mais comprido que o normal - o CCB é um pesadelo, a maior parte dos cinemas (até o recém-inaugurado Alvaláxia!) não têm espaço para uma pessoa alta se sentir confortável. As cadeiras do Rivoli acumulam porque não são muito confortáveis - mas também é verdade que nunca foram pensadas para oito horas seguidas de utilização. E muitas salas de Lisboa também são desagradavelmente abafadas quando cheias, embora aí comece a haver melhoramentos.

De qualquer maneira, eu gosto muito do Rivoli, do modo como a intervenção arquitectónica que veio modernizar a sala soube preservar o traçado deliciosamente clássico dos exteriores e dos interiores, mantendo intactos os frisos classicistas e o ar estado-novo dos relevos e da enorme fachada cega lateral. Gosto da plateia em rampa com uma entrada traseira por um poço de escadas que nos coloca no meio da coxia - em Lisboa, o cinema Roma (hoje Forum Lisboa) tinha não uma mas duas entradas assim. Gosto de salas assim, "à antiga", centrais, bonitas.

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