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17 de janeiro de 2004

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

"(...) Quando as pessoas se apaixonam, o que lhes sai da boca são os piores lugares-comuns do mundo. São verdadeiros, são sentidos e são reais, mas as palavras não exprimem a profundidade dos sentimentos, são muito vazias de conteúdo."

Isto disse-me David Byrne em 2001, quando o entrevistei a propósito de "Look Into the Eyeball". Lembrei-me disto por várias razões, mas também porque hoje passei o dia a cantar isto. Não só porque gosto realmente da canção, nem porque o riff central de guitarra de Jon Buckland é de sublime inspiração estratosférica; mas também porque, por vezes, são mesmo só as palavras mais corriqueiras e vazias de conteúdo que são capazes de exprimir com a potência exigida os sentimentos mais difíceis de expressar. Ainda por cima, tenho vindo a descobrir que os Coldplay são exímios nessa arte difícil de dar a volta, discretamente, quase sem se dar por isso, às banalidades que todos os outros já disseram de mil maneiras. Às vezes, basta só ouvi-las na altura certa.

Não é que Byrne não tenha razão; mas há casos em que querer dizer as coisas de maneira diferente, apenas para não as dizer igual, pode jogar contra.

when I counted up my demons
saw there was one for every day
with the good ones on my shoulder
I drove the other ones away

so if you ever feel neglected
if you think that all is lost
I'll be counting up my demons, yeah
hoping everything's not lost

when you thought that it was over
you could feel it all around
when everybody's out to get you
don't you let it drag you down

'cause if you ever feel neglected
if you think that all is lost
I'll be counting up my demons, yeah
hoping everything's not lost

sing it out
everything's not lost


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