Sesimbra: Marca das Três Milhas, domingo 11 de Janeiro, 11h15; 15.1m, 44min, 14º C
Porque há receios que são mais fortes que a razão e que têm de se enfrentar; porque há um respeito que tem de se experimentar; porque as águas nem sempre estão calmas e límpidas; porque há um vento que insiste em atirar-me com autênticos jactos de água fria para cima dos meus óculos de sol graduados; porque há sempre um octopus que se recusa a ficar preso ao colete, uma fivela que nunca fica bem apertada, é preciso combater o primeiro reflexo. Reencontrar a segurança de saber que, apesar do mar algo agitado à superfície, lá em baixo tudo flui com a proverbial calma oceânica.
O efeito combinado do vento frio e da ondulação é imperceptível a quinze metros de fundo, nestas águas que se sentem mais frias através do fato de sete milímetros do que a temperatura indicada pelo computador; pelo corredor de rochedos e vegetação que funciona como "rota" pelo meio de um vasto mar de areia, deixamo-nos levar em calma pela ligeira corrente que nos devolve à direcção de Sesimbra. Alguém fotografa; quase todos dão por si a olhar para os cardumes infinitos que flutuam naquela espécie de oásis; pairo em silêncio acima das rochas, procurando ver o choco que todos seguem, o peixe-lua escondido, a âncora coberta de vida marinha. Lá em cima é outro mundo; aqui, só as águas que me empurram suavemente traem a superfície em movimento.
De regresso após os obrigatórios três minutos a cinco metros, tudo está mais calmo que quando me deixei cair na água 45 minutos antes. Subi um grau mais na minha confiança e no meu à-vontade. O mar voltou a exercer o seu fascínio retemperador.
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