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31 de dezembro de 2003

O DESEJO (segundo António Variações)

porque eu só estou bem aonde não estou
porque eu só quero ir aonde não vou


É a história da nossa vida: aquilo que queremos esfuma-se quando o atingimos. No exacto momento em que o caminho está feito e não é possível voltar para trás. O que nos levou lá pode ter sido a ambição, a fuga em frente, a boa intenção. Mas, quantas vezes, não é o desejo a real motivação? O desejo carnal, puro e simples, a vontade de conquistar mesmo que apenas para provar a nós mesmos que somos capazes? E, uma vez ganha a batalha, nos desinteressamos do troféu ganho a tanto custo e procuramos a próxima meta, na insatisfação permanente de animais que pensam que não o são?

E se esse desejo fosse apenas instinto; se o desejo fosse apenas mais uma palavra que inventámos para mascarar a urgência de nos completarmos, de não estarmos sozinhos, nem que apenas por um breve instante, fora das inevitáveis consequências?



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