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23 de dezembro de 2003

A FADIGA DOS MATERIAIS

Ao passar ontem de carro pela praça de Alvalade (não perguntem), fiquei escandalizado quando vi um buraco onde costumava estar o cinema Alvalade. O choque instantâneo só foi possível pelo papel que aquela sala teve no meu imaginário cinéfilo, embora, anos mais tarde, também lhe admirasse a arquitectura volumosa e arejada. Há muito que ouvia que o espaço ia sofrer uma reconversão em multi-salas, mas se for verdade nunca pensei que fosse preciso demolir o que já existia. Ou terá também ele sucumbido à voragem imobiliária?

Não quero sequer entrar na patetice velho do Restelo do "antes é que era bom", nem cair nos lamentos tardios de quem nada fez para impedir as coisas, nem nas demagogias baratas de quem salva as coisas para depois não saber o que fazer com elas (porque é que a Câmara, ainda nos tempos de João Soares, comprou o São Jorge se agora não sabe o que fazer dele e o deixa a ser programado ao Deus dará?). Limito-me a constatar, com algum desencanto, que tudo se desmorona com o tempo e somos impotentes para o impedir. Um cinema como tudo o resto.

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