Pesquisa personalizada

28 de novembro de 2004

A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA #12

É curioso ver como o zapping funciona, às vezes, como um atalho para a nossa memória. Ainda agora passei pelo canal Hollywood e dei pelo carro voador de "Chitty Chitty Bang Bang", que me teleportou instantaneamente para o Verão quente de 1974 ou 1975, em que os meus pais me levaram a vê-lo ao cinema Vox. Curiosamente, a minha ideia do filme é mínima — tenho apenas memória de imagens soltas e do local onde o vi. O Vox era onde é hoje o King Triplex. Era uma sala única, aí de 500 lugares, que tinha umas cadeiras muito anos 60, sem costas, redondas. As actuais entradas dos King 1 e 2 eram as duas entradas principais para a sala (coxias esquerda e direita); o bar ficava onde é hoje a livraria, e o écran era onde é hoje o King 3 (as escadas que levam ao King 3 eram a velha saída de emergência do Vox). Tinha algo de cinema de bairro, mas tinha sempre umas estreias interessantes, muito cinema europeu. Lembro-me de estar de férias em Tavira, na velha casa que a d. Júlia nos alugava, e de ver no jornal do dia o anúncio da reposição do filme; esse tinha sido o primeiro Verão do cinema pornográfico, com salas "sérias" como o Politeama, o Cinebolso (à altura um cinema de "arte e ensaio") ou o Capitólio a exibirem filmes porno, e o Vox foi uma delas, substituindo "Chitty Chitty Bang Bang" por um porno ainda durante o mês que passámos em Tavira. Curiosamente, sei que vi o filme no Vox, mas não me recordo se foi nesse ano ou na temporada de reprises seguinte. Ou talvez a minha memória também esteja a fazer zapping.

Do filme não me recordo nada. Os poucos minutos que vi hoje no Hollywood deixaram-me a impressão de uma coisa enjoativa e datada.

Sem comentários: