É, só, um daqueles momentos em que tudo se conjuga, sabe-se lá como: a cassete começa a tocar a versão majestosa dos Sétima Legião para "Longa Se Torna a Espera", dos Xutos & Pontapés, quando passo pela estação dos comboios de Algés e o comboio que se dirige para Lisboa arranca ao mesmo tempo, lentamente em direcção à curva por baixo do viaduto, e eu me elevo no viaduto ao mesmo tempo que o comboio o atravessa e a canção se eleva no refrão, com o sol a pôr-se por trás de mim. Há qualquer coisa na linha recta de um comboio que me fascina, no percurso perfeitamente definido e dirigido que ele faz mas que transporta consigo uma qualquer promessa de aventura; um aroma qualquer indefinível de romantismo ancestral e antiquado no seu movimento: um comboio sabe sempre para onde vai.
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