Experimentem ver quatro filmes de seguida sentados nas cadeiras do Rivoli. Experimentem ter 1m89 de altura como eu, terem as pernas encostadas à cadeira da frente e não terem maneira quase nenhuma de se reajustarem na cadeira sem a) perturbar a visão de quem está atrás b) incomodarem o vizinho do lado c) incomodarem o vizinho da frente. Experimentem já não terem posição para estarem ao fim do primeiro dos quatro filmes. Então se a sala estiver cheia, é uma tortura. Para já não falar da falta de arejamento da sala, que, quando cheia, é desconfortavelmente abafada e quente.
Não é um problema exclusivo do Rivoli. Em Lisboa, é mato as salas de espectáculos que não estão minimamente pensadas para quem é um bocadinho mais alto ou mais comprido que o normal - o CCB é um pesadelo, a maior parte dos cinemas (até o recém-inaugurado Alvaláxia!) não têm espaço para uma pessoa alta se sentir confortável. As cadeiras do Rivoli acumulam porque não são muito confortáveis - mas também é verdade que nunca foram pensadas para oito horas seguidas de utilização. E muitas salas de Lisboa também são desagradavelmente abafadas quando cheias, embora aí comece a haver melhoramentos.
De qualquer maneira, eu gosto muito do Rivoli, do modo como a intervenção arquitectónica que veio modernizar a sala soube preservar o traçado deliciosamente clássico dos exteriores e dos interiores, mantendo intactos os frisos classicistas e o ar estado-novo dos relevos e da enorme fachada cega lateral. Gosto da plateia em rampa com uma entrada traseira por um poço de escadas que nos coloca no meio da coxia - em Lisboa, o cinema Roma (hoje Forum Lisboa) tinha não uma mas duas entradas assim. Gosto de salas assim, "à antiga", centrais, bonitas.
Sem comentários:
Enviar um comentário