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28 de junho de 2012

de bestiais a bestas (ou a ressaca do ludopédio)

Ouvido no café ao pequeno-almoço depois da derrota com a Espanha: "Dou mais cinco anos ao Cristiano Ronaldo. Sem ele, o que é que Portugal tem? Nada. O Bruno Alves é atrasado mental. Aquele Postiga? Não joga nada, está no Saragoça não joga no Saragoça, o Sporting não o quis, não joga nada. Portugal deu um baile à Espanha? Portugal não jogou nada, quantos espanhóis jogaram à sua altura habitual? Dois."

22 de junho de 2012

713 (ar condicionado)

Porque é que as pessoas vêem sempre nas janelas dos autocarros a indicação "ar condicionado. Por favor manter a janela fechada" e apesar disso abrem sempre a janela?

21 de junho de 2012

a fúria do açúcar

No café do Classic Alvalade, enquanto espero por uma projecção, um sem-abrigo (sujo, determinado, mal vestido) entra pelo café dentro e dirige-se à minha mesa. Penso que me vai pedir esmola ou que lhe pague um café. Em vez disso, diz-me "posso?" e dirige a mão para o meu queque. Digo-lhe que não. Agarra então na chávena de café praticamente vazia e, enquanto pergunta de novo "posso?", perante o meu ar atónito (e das empregadas do café) antes que eu possa dizer que "não", bebe o resto do café, pousa a chávena e lança-me quase ofendido "não tem açúcar!".

Enquanto as empregadas tentam desesperadamente correr com o homem, ele faz exactamente o mesmo com outras mesas antes que o projeccionista consiga finalmente pô-lo fora. Perguntam-se se será um fugido do Júlio de Matos.

20 de junho de 2012

727 (a voz do povo)

Diz a moça encostada à porta do autocarro vestida de modo espalhafatoso e com voz rouca, saltos altos e cabelo louro, para o senhor velhote que se prepara para sair: "O senhor saia lá e não caia, em vez de estar a olhar para onde não deve..."

15 de junho de 2012

continente, bom dia

"São nove euros e cinquenta e cinco," diz o empregado da caixa do supermercado à cliente que lhe perguntara se seria possível "fazer um embrulho" para uma das compras (e ao que ele respondera "tenho que ver").

"Puxa!", responde a senhora, "já não se pode sair de casa hoje! Já viu isto?", diz a uma vizinha que está na fila mais à frente à espera da sua vez, "Uma pessoa sai à rua e é sempre a gastar dinheiro, mais vale ficar trancada em casa, assim ao menos não gosto dinheiro."

"E já lá foi?" pergunta a vizinha na fila.

"Fui lá com a filha da minha prima," responde a senhora, "e já lhe conto uma assim que pagar", diz enquanto se dirige ao segurança da loja para ver se ele lhe faz o embrulho.

3 de junho de 2012

738 (explicit lyrics)

Quatro turistas alemães, no autocarro, falam entre si em alemão. Um senhor de meia-idade, à aproximação do Marquês de Pombal, dirige-se-lhes em francês, apontando a paragem: "Marquês de Pombal. La prochaine." Os turistas não percebem se o senhor está a falar com eles e continuam a falar entre si. O senhor fala para o ar, com ar ofendido e desconfiado: "São estes cabrões que nos andam a roubar e nós sem fazer nada." Saem todos juntos na paragem do Marquês e enquanto o autocarro parte vejo o senhor a dirigir a palavra aos turistas alemães.